quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Quanto tempo existe entre dezembro e janeiro?

Minha vontade era de te inventar por toda a eternidade. Para que não me faltassem oportunidades. Para que me sobrassem teus sorrisos. Meu desejo era parar minha cabeça e me concentrar naquele dia. Naquela noite. E em tudo que me dizias. Tanto falado e nada a se dizer. E contudo, eram apenas nós dois. E por isso tudo fluía. Um conjugado. Um algo que passou por ti e ficou em mim. Aos poucos, abandonei as terceiras pessoas. Do singular e plural. De repente, todos os textos começavam com eu ou eram endereçados a tu. As vezes, e só as vezes, queria não te procurar no meu olhar confuso, nas linhas tortas das palmas da minha mão. Queria entender. Compreender. Aceitar que os dias passam e você continua a não estar aqui. A cada dia, se afasta mais. E vai pra longe. Um distante tão grande que não me sobra fôlego. Nem mira. O tempo que passa. O tempo que fica. Eu também vou saindo do meu lugar... saindo das coisas que não vão acontecer. Aos poucos. Ainda é estranho. Ainda te sinto. Te quero. Fez-se parte de mim. E adimito: 'não consigo ir embora de mim a pé.' É como se eu não abrisse mão dos planos. Dos emails que eu nunca vou receber. Das viagens que a gente não vai fazer. Ando evitando dormir. Você não está mais aqui. E eu não sei ainda o que isso significa. Mas ontem eu tentei contato. Uma palavra. Qualquer coisa que me mostrasse teu pensar. Sem resposta. Com imaginação. E juro que já tô sofrendo por antecipação. E me vejo seguir calada enquanto falo. Me cozinhando a fogo brando. Disfarçando a minha falta de coragem. Minha falta de saber. A falta que sinto do meu eu contigo. E me perco. Em pensamentos. Em gestos. E antes que não me encontre mais, preciso acreditar que as coisas rodam em espiral. É isso ou acabo me perdendo.


Escuta o que me faz lembrar de ti: